10 setembro, 2012

Caio, filho da Puta.

.. Que podia sentir, e que sentia enfim, agora que já não havia cheiros nem formas nem gostos nem ruídos — era o contato como da mão daquele homem que ficara comigo enquanto eu partia e tornava a partir sem volta e para sempre de mim. Foi se apagando, certa luz.
Até que meus dedos finalmente mortos e rígidos se desprendessem dos dedos vivos dele, e sem a mão e mais ninguém dentro da minha eu fosse chegando aos poucos mais perto, quase dentro deste outro lado, deste outro espaço, deste outro tempo onde estou agora. E não me reconheço, sem facas nem becos. Já não éramos três, nem dois, homens nem corpos. Eu era um só, depois eu era um eu sem eu.
Eu era nenhum: navio no ar, depois do aço.

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