30 dezembro, 2010

Tentando entender tudo e todos,
Afundei num abismo.
Compreendi o mundo,
Mas esqueci de mim.

Toda perda gera culpa de não ter feito o melhor (...)
“Vai, pois, come com alegria o teu pão, e bebe gostosamente o teu vinho, pois Deus já de antemão se agrada das tuas obras. Em todo tempo sejam alvas as tuas vestes, e jamais falte o óleo sobre a tua cabeça. Goza a vida com a mulher que amas, todos os dias de tua vida fugaz, os quais Deus te deu debaixo do sol; porque esta é a tua porção nesta vida, pelo trabalho com que te cansaste debaixo do sol. Alegra-te, jovem, na tua juventude, e recreie-se o teu coração nos dias da tua mocidade. Anda pelos caminhos que satisfazem ao teu coração, e agradam aos teus olhos. Saiba, porém, que de todas estas coisas Deus te pedirá conta”.

29 dezembro, 2010

Quando a vida lhe oferece um sonho muito além de todas as suas expectativas, é irracional se lamentar quando isso chega ao fim. -
Se eu fosse algum rei, fosse o teu Senhor
Eu proclamava a tua boca, um reinado meu. Meu santuario.
Se eu fosse algum rei,
Teu imperador, eu ordenava teu coração a gostar do meu.
Inventava canções de rei. Conquistava o teu amor.
Desobedeceria a lei. Revelava quem eu sou.
Te mostrava que só eu sei, onde tudo começou.
Inventando canções de rei pra enfeitar o nosso amor 

(...)

28 dezembro, 2010

Ela parece tao distante, mas talvez seja porque está pensando em alguém.

- Em alguém do quadro?

- Não, um garoto com quem cruzou em algum lugar, e sentiu que eram parecidos.

- Em outros termos, ela prefere imaginar uma relação com alguém ausente que criar laços com os que estão presentes!

- Ao contrário, talvez tente arrumar a bagunça da vida dos outros.

- E ela? E a bagunça na vida dela? Quem vai pôr ordem? (...)
Je te donne mes espoirs caches
Je te donne me incertitudes
Je te donne mes plus grands secrets
La vie c'est deja si compliqu (...)
Je te donne mes sourires moqueurs
Je te donne ma force, ma douceur
Je te donne mes secrets fragiles
La vie, c'est deja si difficile (...)
 

27 dezembro, 2010

Que é que eu vou fazer pra te lembrar?
Como tantos que eu conheço e esqueço de amar (...)
Em que espelho teu, sou eu que vou estar?
A te ver sorrindo, mais leve que o ar. Tão doce de olhar (...)

26 dezembro, 2010

Cai como uma luva [2]:

Obrigado por ter se mandado. Ter me condenado a tanta liberdade  Pelas tardes nunca foi tão tarde. Teus abraços, tuas ameaças.
Obrigado por eu ter te amado com a fidelidade de um bicho amestrado. Pelas vezes que eu chorei sem vontade pra te impressionar, causar piedade.
Pelos dias de cão, muito obrigado pela frase feita. Por esculhambar meu coração antiquado e careta.
Obrigado por ter se mandado. Ter me acordado pra realidade, das pessoas que eu já nem lembrava
pareciam todas ter a tua cara (...)

25 dezembro, 2010

Amor de Perdição - XIX

A ti mesmo perguntavas pelo teu passado, e o coração, se ousava responder, retraía-se, recriminado pelos ditames da razão.

Hilda Hilst:

Irreconhecível
Me procuro lenta
Nos teus escuros.
-
Como te chamas, breu?
- Tempo!

-

Uma vontade tamanha de nao ter mais vontade. Não adimiro os covardes, mas agora, é tarde. -

(Silencio)

-Mas não seria natural.
-Natural é as pessoas se encontrarem e se perderem.
-Natural é encontrar. Natural é perder.
-Linhas paralelas se encontram no infinito.
-O infinito não acaba. O infinito é nunca.
-Ou sempre.

22 dezembro, 2010

Lygia Facundes:

"Não separe com tanta precisão os heróis dos vilões, cada qual de um lado, tudo muito bonitinho como nas experiências de química. Não há gente completamente boa nem gente completamente má, está tudo misturado e a separação é impossível. O mal está no próprio gênero humano, ninguém presta. Às vezes a gente melhora. Mas passa ... E que interessa o castigo ou o prêmio? ... 
Tudo muda tanto que a pessoa que pecou na véspera já não é a mesma a ser punida no dia seguinte."

Como se fosse possível.

"Não te tocar, não pedir um abraço, não pedir ajuda, não dizer que estou ferido, que quase morri, não dizer nada, fechar os olhos e ouvir o barulho do mar, fingindo dormir, que tudo está bem, os hematonas no plexo solar, o coração rasgado, tudo bem."

Um pouco de Clarice.

"Amor é quando é concedido participar um pouco mais. Poucos querem o amor, porque o amor é a grande desilusão de tudo o mais."

22/12/2010

Agora eu não vinha nem ia para parte alguma. Estava parado no centro da grande luz clara e limpa sem poder voltar atrás. Isso era tudo.

20 dezembro, 2010

Guarde bem esse recado:

Alguma coisa sempre faz falta. Guarde sem dor, embora doa, e em segredo.

Doce novembro.

Ela então sorriu pra mim, foi assim que a conheci (...)
Um rosto lindo como o verão, e a voz tão doce que me falava:
"O mundo pertence a nós!"
Talvez a impossibilidade de fazer essas coisas é que me obrigue a recorrer aos jasmins. Porque eu sempre soube que eles eram o último recurso, última porta, última chave. Eles, os jasmins: última varanda antes da fronteira que me separa do que não conheço. Vejo-os crescer nas sombras para se abrirem em corolas fartas e pálidas: eu me debruço na janela, eu sou muito jovem, eu acredito, eu sou quase um menino que se debruça na janela e olha para esses jasmins pálidos e frios e entontece aos poucos com o perfume doce e olha para a lua, porque havia uma lua quase sempre cheia naquele tempo, e pergunta em espanto o que vai ser dele, que durezas ou doçuras lhe trará essa coisa que ainda não tocou com suas próprias mãos e que chamam de vida, eles, os outros, os que dormem além da porta sem saberem desse menino, desse espanto, dessa lua e sobretudo desses jasmins gelados no jardim.

19 dezembro, 2010

Cai como uma luva:

Vai passar, tu sabes que vai passar. Talvez não amanhã, mas dentro de uma semana, um mês ou dois, quem sabe? O verão está ai, haverá sol quase todos os dias, e sempre resta essa coisa chamada "impulso vital". Pois esse impulso às vezes cruel, porque não permite que nenhuma dor insista por muito tempo, te empurrará quem sabe para o sol, para o mar, para uma nova estrada qualquer e, de repente, no meio de uma frase ou de um movimento te supreenderás pensando algo como "estou contente outra vez". Ou simplesmente "continuo" (...)

15 dezembro, 2010

#reflita.

Mas no quarto, quinto dia, um trecho obsessivo do conto de Clarice Lispector "Tentação" na cabeça estonteada de encanto.

12 dezembro, 2010

"Eu acredito. Acredito no tempo. O tempo é nosso amigo, nosso aliado, não o inimigo que traz as rugas e a morte. O tempo é que mostra o que realmente valeu a pena, o tempo nos ensina a esperar, o tempo apaga o efêmero e acaba com a dúvida."
“Há alguns dias, Deus - ou isso que chamamos assim, tão descuidadamente, de Deus -, enviou-me certo presente ambíguo: uma possibilidade de amor. Ou disso que chamamos, também com descuido e alguma pressa, de amor. E você sabe a que me refiro. Antes que pudesse me assustar e, depois do susto, hesitar entre ir ou não ir, querer ou não querer - eu já estava lá dentro. E estar dentro daquilo era bom”

- Caio Fernando Abreu, in Cartas -

“Fiz fantasias. No meu demente exercício para pisar no real, finjo que não fantasio. E fantasio, fantasio”

11 dezembro, 2010

inevitável

"Eu tenho um milhão de motivos pra fugir de pensar em você, mas em todos esses lugares você vai comigo. Você segura na minha mão na hora de atravessar a rua, você me olha triste quando eu olho para o celular pela milésima vez, você sente orgulho de mim quando eu solto uma gargalhada e você vira o rosto se algum homem vem falar comigo. Você prefere não ver, mas eu vejo você o tempo todo."

opnião.

Quem acha que isso aqui ta ficando meloso demais, levanta a mao:
|o|
É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É um não contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder.

É um estar-se preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor.

09 dezembro, 2010

Poderíamos casar:

Não chegaríamos sequer perto do exemplo de família perfeita. Teríamos um apartamento, quem sabe uma casa com jardim e um cão com pêlo brilhante. Tomaríamos café as cinco da tarde.  Eu não admitiria o quanto você fica bonito quando bravo e você não diria que lembra da cor do sapato que eu usei quando nos vimos pela primeira vez. Discordaríamos quanto a cor das cortinas. Não arrumaríamos a cama diariamente. Beberíamos juntos em algum clube no final de semana. A geladeira seria repleta de congelados e coca-cola, o armário, de porcarias. Adiaríamos o despertador umas trinta e duas vezes só para ficarmos horas na cama enrolando e falando qualquer besteira. Eu te ensinaria alguma coisa sobre futebol, e voce me convenceria a assistir aquele filme no cinema. Sentaríamos na sala de pijama e pantufas, eu iria direto para o caderno de esportes no jornal e voce comentaria alguma notícia qualquer. Você saberia o nome do meu perfume, mas eu nao saberia onde você largou a última edição da revista de música (.-.). Sairíamos pra jantar em algum dia de chuva e não nos importaríamos em chegarmos encharcados. Dormiríamos com o computador ligado. Nos beijaríamos no meio de alguma frase. Você pegaria no sono com a mão no meu cabelo e eu, escutando sua respiração. Eu riria sem motivo e você perguntaria porque, eu não responderia. No fundo nos saberíamos.

06 dezembro, 2010

bebe. (L)'

“Boas e bobas, são as coisas todas que penso quando penso em você.”

06.12.2010 - 11:13


Daí penso coisas bobas quando, sentado na janela do ônibus, depois de trabalhar o dia inteiro, encosto a cabeça na vidraça, deixo a paisagem correr, e penso demais em você. Quando não encontro lugar para sentar, o que é mais freqüente, e me deixava irritado, agora não, descobri um jeito engraçado de, mesmo assim, continuar pensando em você. Me seguro naquela barra de ferro, olho através das janelas que, nessa posição, só deixam ver metade do corpo das pessoas pelas calçadas, e procuro nos pés delas aqueles que poderiam ser os seus. (A teus pés, lembro.) E fico tão embalado que chego a me curvar, certo que são mesmo os seus pés parados em alguma parada, alguma esquina. Nunca vejo você — seria, seriam?

05 dezembro, 2010

06.11.2010 - 06.12.2010

As vezes nós só precisamos de alguem que ria de nossas piadas sem graça...
Que ache nossas tristezas as maiores do mundo...
Que nos teça elogios sem fim...
E que apesar de todas essas mentiras úteis, nos seja de uma sinceridade inquestionável.
Precisamos de alguem que nos mande calar a boca ou nos evite um gesto impensado...
Alguém que nos possa dizer: Acho que você está errada, mas estou do seu lado...
Ou alguém que apenas nos diga: Sou seu amor! E estou Aqui!

01 dezembro, 2010

Te reviraria pelo avesso, te confundiria cada sentindo, te seduziria com a astucia de quem ja morreu um dia. Mas nao quero desvendar teus segredos, um a um, a casa dos meus medos. Te persigo por esse labirinto com as coisas que inventamos pra nos, e quando vejo, sou eu que fujo, dessas garras afiadas, matutas; a gana de quem sabe identificar seus sabores, seus aromas, suas dores. Vou recolhendo minha alma, essa crianca deslumbrada se expandindo faceira por recantos que ela nem bem conhece ainda. (...)
Mas quando me descuido me pego te desenhando de novo, na folha ainda tao branca, nas paginas do livro que ainda nem lemos (...)
Já segurei nas mãos de alguém por medo, já tive tanto medo, ao ponto de nem sentir minhas mãos.
Já expulsei pessoas que amava de minha vida, já me arrependi por isso.
Já passei noites chorando até pegar no sono, já fui dormir tão feliz, ao ponto de nem conseguir fechar os olhos.
Já acreditei em amores perfeitos, já descobri que eles não existem.
Já amei pessoas que me decepcionaram, já decepcionei pessoas que me amaram.
Já menti e me arrependi depois, já falei a verdade e também me arrependi.
Já fingi não dar importância às pessoas que amava, para mais tarde chorar quieta em meu canto.
Já sorri chorando lágrimas de tristeza, já chorei de tanto rir.
Já tive crises de riso quando não podia, já quebrei pratos, copos e vasos, de raiva.
Já senti muita falta de alguém, mas nunca lhe disse.
Já gritei quando deveria calar, já calei quando deveria gritar.
Muitas vezes deixei de falar o que penso para agradar uns, outras vezes falei o que não pensava para magoar outros.
Já contei piadas e mais piadas sem graça, apenas para ver um amigo feliz.
Já inventei histórias com final feliz para dar esperança a quem precisava.
Já sonhei demais, ao ponto de confundir com a realidade...
Já tive medo do escuro, hoje no escuro "me acho, me agacho, fico ali".
Já cai inúmeras vezes achando que não iria me reerguer, já me reergui inúmeras vezes achando que não cairia mais.
Já liguei para quem não queria apenas para não ligar para quem realmente queria.
Já chamei pela mamãe no meio da noite fugindo de um pesadelo. Mas ela não apareceu e foi um pesadelo maior ainda. (...)
Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das drogas mais poderosas, das idéias mais insanas, dos pensamentos mais complexos, e dos sentimentos mais fortes.