30 julho, 2012

Mente ao meu coração que cansado de sofrer
Só deseja adormecer na palma da tua mãoMente ao meu coração, mentiras cor-de-rosa 
Que as mentiras de amor não deixam cicatrizes (...)

29 julho, 2012

Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?
Porque ninguem vai dormir nossos sonhos.
Minha cara, pra quê tantos planos? Se quero te amar, e te amar, muitos anos.
Tantas vezes eu quis ficar solto, como se fosse uma lua a brincar no teu rosto (...)
Você não vai me acertar a queima roupa.
Vem cá, me deixa fugir. Me beija a boca.

28 julho, 2012

Mas nu e só ao meio dia
so quem está pronto pro amor.

você não muda mesmo.. sempre se despede como se não fosse voltar, e volta como se não tivesse se despedido.

Martha M.


... Que uma perda, qualquer perda, é um aperitivo da morte – mas não é a morte, que essa só acontece no fim, e ainda estamos falando do meio.
No meio, a gente descobre que precisa guardar a senha não apenas do banco e da caixa postal, mas a senha que nos revela a nós mesmos. Que passar pela vida à toa é um desperdício imperdoável. Que as mesmas coisas que nos exibem também nos escondem (escrever, por exemplo).
Que tocar na dor do outro exige delicadeza. Que ser feliz pode ser uma decisão, não apenas uma contingência. Que não é preciso se estressar tanto em busca do orgasmo, há outras coisas que também levam ao clímax: um poema, um gol, um show, um beijo.
No meio, a gente descobre que fazer a coisa certa é sempre um ato revolucionário. Que é mais produtivo agir do que reagir. Que a vida não oferece opção: ou você segue, ou você segue. Que a pior maneira de avaliar a si mesmo é se comparando com os demais. Que a verdadeira paz é aquela que nasce da verdade. E que harmonizar o que pensamos, sentimos e fazemos é um desafio que leva uma vida toda, esse meio todo.

Meu mundo se resume a palavras que me perfuram, a canções que me comovem, a paixões que já nem lembro, a perguntas sem respostas, a respostas que não me servem, à constante perseguição do que ainda não sei. Meu mundo se resume ao encontro do que é terra e fogo dentro de mim, onde não me enxergo, mas me sinto.

Hoje pensei sério: se me perguntassem o que mais desejo na vida, não saberia responder. Quero tudo. Mas esse “tudo” é tão grande, tão vago, que me sinto estonteado. É preciso ir limitando meu sonho, apagando a linha supérflua, corrigindo  as arestas, até restar somente o centro, o âmago, a essência. Mas qual será esse centro, meu Deus, que não encontro?

25 julho, 2012


É possível que, no fundo, sempre restem algumas coisas para serem ditas. É possível também que o afastamento total só aconteça quando não mais restam essas coisas e a gente continua a buscar, a investigar — e principalmente a fingir. Fingir que encontra.
A vida é feita de escolhas. Quando você dá um passo à frente, inevitavelmente alguma coisa fica para trás.
A gente pensa que escolhe.
Se a gente nao sabe, inventa.

com a companhia de um cigarro:

Sei, sim. Não é de repente, é mais aos pouquinhos que acontece. Difícil explicar, mas vai dando uma coisa de você não ver mais direito nem as coisas nem as pessoas que estão à sua volta. Você vai acostumando com elas, assim como acostuma com uma cadeira, uma mesa, um fogão. Quando tudo começa a ficar igual todos os dias e você, sem perceber, começa a se movimentar como quem liga o automático e, feito robô, apenas faz coisas, sem sentir o que está fazendo – bem, para mim é porque está na hora de dar o fora. Aí a gente muda. Se não dá para mudar de cidade, muda de casa, muda de rua, de bairro (cá entre nós: massa mesmo seria poder mudar de planeta). Não há nada mais estimulante do que ver ruas e pessoas pela primeira vez. Você tem que fazer um superexercício para conseguir descobrir os jeitos particulares delas se comunicarem – sim, porque tudo isso tem um jeitinho particular. Você é novo. A maioria das pessoas que conheço vive muito desatenta de estar vivendo: elas parecem tão acostumadas com as coisas que estão em volta que é como se estivessem dormindo.

23 julho, 2012

Quero mais um uísque, outra carreira. Tudo aos poucos vira dia e a vida - ah, a vida - pode ser medo e mel quando você se entrega e vê, mesmo de longe. 
Não, não quero nem preciso nada se você me tocar. Estendo a mão. 
Depois suspiro, gelado. E te abandono.
Passou-se muito tempo. Vai amanhecer. O frio aumentou. O bar está meio vazio, quase fechando. Debruçado na caixa, o dono dorme. Gastei quase todas as minhas fichas: tudo é blues, azul e dor mansinha. Só me resta uma, que vou jogar certeiro em Tom Waits. Me preparo. Então - enquanto os garçons amontoam cadeiras em cima das mesas vazias, um pouco irritados comigo, que a tudo invento e alimento, e com esses dois caras estranhos, parecem dois veados de mãos dadas, perdidamente apaixonados por alguém que não é o outro, mas poderia ser, se ousassem tanto e não tivessem que partir - o homem segura com mais força nas duas mãos do rapaz mais triste do mundo. As quatro mãos se apertam, se aquecem, se misturam, se confortam. Não negro monstro marinho viscoso, vômito na manhã. Mas sim branca estrela do mar. Pentáculo, madrepérola. Ostra entreaberta exibindo a negra pérola arrancada da noite e da doença, puro blues. E diz, o homem diz: 
- Você não existe. Eu não existo. Mas estou tão poderoso na minha sede que inventei a você para matar a minha sede imensa. Você está tão forte na sua fragilidade que inventou a mim para matar a sua sede exata. Nós nos inventamos um ao outro porque éramos tudo o que precisávamos para continuar vivendo. E porque nos inventamos, eu te confiro poder sobre o meu destino e você me confere poder sobre o teu destino. Você me dá seu futuro, eu te ofereço meu passado. Então e assim, somos presente, passado e futuro. Tempo infinito num sZ, esse é o eterno.

15 julho, 2012


Eu cansei de ser assim. Não posso mais levar
Se tudo é tão ruim, por onde eu devo ir?
A vida vai seguir. Ninguém vai reparar, aqui neste lugar
Eu acho que acabou, mas vou cantar
Pra não cair fingindo ser alguém que vive assim de bem
Eu não sei por onde foi, só resta eu me entregar
Cansei de procurar o pouco que sobrou
Eu tinha algum amor. Eu era bem melhor
Mas tudo deu um nó e a vida se perdeu
Se existe Deus em agonia manda essa cavalaria
Que hoje a fé me abandonou

12 julho, 2012


E tem gente maravilhosa que, de repente, vai ficando longe, difícil de ver – e aí dança. Mas também acho que aquilo que é bom, e de verdade, e forte, e importante – coisa ou pessoa – na sua vida, isso não se perde. -


Errei pela primeira vez quando me pediu a palavra amor, e eu neguei. Mentindo e blefando no jogo de não conceder poderes excessivos, quando o único jogo acertado seria não jogar: neguei e errei. -

11 julho, 2012


Mas não é verdade, Hilda, não é verdade que as pessoas se repitam. O que se repetem são as situações, inúmeras vezes — e você sabe que qualquer situação que nos acontece é por nossa culpa. Principalmente quando ela se repete muitas vezes. Tudo o que acontece à gente é uma mera conseqüência daquilo que se fez. 

O nó da tua orelha ainda dói em mim (...)
"Tu poderias me dizer como posso sair daqui? - perguntou Alice.
Isso depende do lugar pra onde queres ir - disse o Gato.
Ora, pra mim tanto faz pra onde ir... - disse Alice.
Então, também tanto faz como sair daqui - disse o Gato.
oh, e chegarás com certeza, se andares o tempo suficiente. -Afirmou o Gato."

08 julho, 2012


Que algo sempre nos falta — o que chamamos de Deus, o que chamamos de amor, saúde, dinheiro, esperança ou paz. Sentir sede, faz parte. E atormenta (...)
E para seu próprio bem, guarde este recado: alguma coisa sempre faz falta. Guarde sem dor, embora doa, e em segredo.

A vida era lenta e eu podia comandá-la. Essa crença fácil tinha me alimentado até o momento em que, deitado ali, no meio da manhã sem sol, olhos fixos no teto claro, suportava um cigarro na mão direita e uma ausência na mão esquerda. Seria sem sentido chorar, então chorei enquanto a chuva caía porque estava tão sozinho que o melhor a ser feito era qualquer coisa sem sentido

'E minha mão esquerda tocava uma ausência sobre a cama.'

Tudo isso me perturbava porque eu pensara até então que, de certa forma, toda minha evolução conduzira lentamente a uma espécie de não-precisar-de-ninguém. Até então aceitara todas as ausências e dizia muitas vezes para os outros que me sentia um pouco como um álbum de retratos. Carregava centenas de fotografias amarelecidas em páginas que folheava detidamente durante a insônia e dentro dos ônibus olhando pelas janelas e nos elevadores de edifícios altos e em todos os lugares onde de repente ficava sozinho comigo mesmo. Virava as páginas lentamente, há muito tempo antes, e não me surpreendia nem me atemorizava pensar que muito tempo depois estaria da mesma forma de mãos dadas com um outro eu amortecido — da mesma forma — revendo antigas fotografias.

04 julho, 2012

Hoje me sinto mais forte,
Mais feliz, quem sabe
Só levo a certeza
De que muito pouco sei,Ou nada sei
(...)

Penso que cumprir a vida
Seja simplesmente
Compreender a marcha
E ir tocando em frente
(...)
Como um velho boiadeiro
Levando a boiada 
Eu vou tocando os dias
Pela longa estrada, eu vou.
Estrada eu sou.

01 julho, 2012

"Nessa estrada quero achar gente doce, límpida, verdadeira e disposta. Quero topar com luz, desapego e paz."